quinta-feira, 31 de março de 2011

Rio que não é rio

Gostaria que o Rio Mossoró me envolvesse tanto quanto o Tejo de Pessoa, o Capibaribe de Bandeira e de João Cabral de Melo Neto ou O Rio Potengi que encantou o autor do Pequeno príncipe com seu pôr do sol. 

O rio da minha cidade só me traz lembranças de enchentes como a de 1985 que invadiu minha casa, mesmo esta não estando à beira do rio. Hoje está poluído por moradores da cidade, fábricas e esquecido pelos políticos no poder.

Gostaria de cantá-lo para encantar as pessoas que por ele já se banharam, que dele já precisaram e para os que virão. Mas é um rio que passará despercebido, ninguém um dia vai lembrar do rio da minha aldeia. E pensar que ele já foi cantado até por Drumond: "As lavadeiras de Mossoró, cada uma tem sua pedra no rio: cada pedra é uma herança de família, passando de mãe a filha, de filha a neta, como vão passando as águas do tempo... Na pobreza natural das lavadeiras, as pedras são uma fortuna, jóias que elas não precisam levar para casa. Ninguém as rouba, nem elas, de tão fiéis, se deixariam seduzir por estranhos.” Vocês encontram mais do conto  em "Contos Plausíveis, editora Record. Aqui nós sabemos que ele nunca  esteve, mas vindo de Drumond não é novidade.

As lembranças boas não existem para as atuais gerações, nem tampouco para as vindouras. Só me resta dizer, infelizmente, "foi um rio que passou em minha vida".
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Curiosidade: Drumond teve uma cozinheira mossoroense, chamava-se Luzia Helena de Carvalho ( 1926-2002)

Um comentário:

  1. Não sei se poderei exaltar um único rio em relação aos outros que vi. Mas as informações que você me deu nesse comentário são perólas para a imaginação e pesquisa. Poderia ser mais preciso com o comentário de Drumonnd sobre o rio, as lavadeiras e as pedras, como também a cozinheira dele ? Isso é um mote para a glosa. Fiquei imaginando o poeta e a cozinheira conversando.O poeta da pedra vendo as lavadeiras. No entanto é bom lembrar: o Rio Capiberibe de Cabral e Bandeira é poluido como o Rio Mossoró. Simetria poetica.
    O rio Mossoró não é um cão sem plumas, como Cabral se refere ao Capibaribe. O rio Mossoró é um serpente adormecida deslizando calmamente da sua nascente até dividir duas cidade Areia Branca e Grosso. Um cobra jararacá.
    Onde eu nasci passa um rio...Onde morei o rio corta a cidade. Nunca me abandonou. Entrou na tromba e vazou nas orelhas do elefante...

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