quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Livros

                                                                           Imagem deJeffersson Design

Como é bom um livro novo. Antes de começar a ler, acaricio, olho capa e contra-capa, leio-os, leio a orelha, folheio. Se tiver capítulos, leio os títulos dos capítulos. Dou até uma rápida olhadela no fim da história. Passo a vista pela bibliografia. Quero saber qual é a editora, quantas edições, ano de lançamento. Cheiro  e começo a ler. Que prazer! O autor agora morreu. Sou eu quem vai dá sentido ao texto.

Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.

Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.

Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:

Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.
 

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sem assunto

Queria escrever sobre não sei o quê.
Neste momento falar todas as línguas,
encontrar o fio da aproximação humanamente possível.
Queria dançar.
Queria dançar todas as danças  que não sei.
Um fox, um trote, um tango, um fandango.
Rimas desapareçam de mim.
Estranhos desejos de quem não sabe o que dizer.

Morangos aparecem pra mim.
Comi-os todos.

domingo, 28 de agosto de 2011

Professora Firmina

                                             (Imagem retirada do blog http://deise.info/?p=867)

Prezada professora Firmina,

Desde que terminei a faculdade que não mais te vi. Foste minha professora na sétima e oitava série no Ginásio Municipal. Depois tive o privilégio de ser seu aluno novamente no primeiro, segundo e terceiro períodos de Letras. Aprendi verbo desde a sétima série contigo. És uma pessoa exemplar, criaste os três filhos com muito trabalho  e dedicação. Além de professora, foste uma educadora. Mesmo aposentada acho que ainda estás ensinado os netos. Descobri hoje por acaso que fizeste aniversário dia 26 último. Meus parabéns e eterno abraço porque nunca nos encontramos. Qualquer dia apareço na Catedral. Disseram-me que todo domingo estás lá assistindo à missa.
Quando Caetano no cd Circuladô fez uma homenagem a aprofessora de português dele, Neide Candolina, só me lembrei da Senhora. Candolina rima com Firmina. Há um verso que diz assim: "Tem um gol que ela mesma comprou ensinando português no Central/Salvador e isso é só Salvador/nunca furou um sinal." E a Senhora tinha um chevette laranja quando ensinava no Municipal e depois um azul quando trabalhou na Uern. Lembra da carona que deste a mim e a Mário Hélio? Não havia mais quase ninguém na UERN, ainda não havia leste-oeste e a Senhora nos deixou no Centro. Jamais vou te esquecer. Saudade sempre, fique com Deus.
                                                                               Edson Pereira

sábado, 27 de agosto de 2011

Entre gatos e cachorros

Gosto tanto de gatos quanto de cachorros. Se tivesse tempo disponível criaria alguns, embora minha experiência com alguns cães não tenham sido boas.
Quando decidi criar Vitória, uma cadela de raças misturadas, vermelhinha, focinho preto, cresceu correndo dentro de casa. Como era minha mãe quem mais tomava conta dela, morreu enforcada ao ser amarrada no pé de goiaba. Uma tristeza para quem tinha tanta vida pela frente.
Shrek, um cachorro vira-lata, chegou muito tempo depois. Não ´podia ver a porta aberta. Vivia mais tempo amarrado, mas era meu xodó, principalmente quando chegava embriagado. Mamãe cansou de cuidar dele e o deu para o irmão do meu cunhado. Ainda sinto saudades dele.
Os gatos eram muitos lá em casa quando morava com a gente uma tia-avó. Talvez por ela não ter onde morar, saía juntando os gatos da rua e conosco vinham morar. Para cada casa que ela ia, levava-os todos. Gosto do jeito mimoso e preguiçoso deles. Sempre procuram o melhor canto da casa, seus olhos falam e saltam feito duas bilas semi-gigantes.
Gatos e cachorros ainda terão espaço no meu terraço. Não sei quando, mas terão.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Boletim do dia II

                                                                      Filippo Monteforte/France Presse

As manhãs estão boas para  ficar na cama, dormir até tarde, mas a rotina nos chama. Que bom se fosse sábado, mas lembro que amanhã também é dia de trabalho por causa da greve. 
Levanto a força porque sei que durante o dia vou ficar sabendo que mais gente morreu na Líbia, mais gente continua passando fome na África, mais políticos vão continuar mentindo ao dizerem que vão resolver o problema na Saúde, que estão investindo mais na Educação, que aumentou a frota policial, que ninguém morre nos corredores de hospitais.
Em vez de melhorarem as políticas públicas, no nosso Estado, eles, os políticios e os promotores públicos estão mais preocupados se os professores estão comendo ou não a merenda do aluno. Deveriam se preocupar com a violência nas escolas e fora delas e com a falta de professores na maioria das escolas do rn.
Como meu dia pode ser bom diante de tudo isso?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Krzysztof Kieslowski

                                                 (Imagem retirada do site http://caaqui.zip.net)

Já faz alguns anos que assisti a trilogia famosa do polonês  Krzysztof Kieslowski ( 1941- 1996): A liberdade é azul, A fraternidade é vermelha e A igualdade é branca.Todos os títulos baseados nas cores da bandeira francesa e no slogan da revolução do país. As cores e poder da imagem sempre foram características de seus filmes.  Não quero resenhar sobre os filmes. O que me chamou atenção foi uma cena que aparece na trilogia: uma velhinha corcunda atravessa a rua já de noite. Talvez a tenha colocado nos filmes para nos chamar atenção de que tudo passa, caminhamos para um mesmo fim. Depois de lutarmos tanto, envelhecer bem não é para todos. Felizes o que chegarem lá.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Antiburguesia II

                                        (Imagem retirada do blog http://paisdoforro.blogspot.com)

Paulo e Sandra se casaram e deram uma enorme festa para 500 convidados. Economizaram muito para a festa, ganharam muitos presentes, dentre eles micro-ondas, tv lcd e até um ipad. Separaram-se três meses depois.
                                                          ***

Marcelo chega do trabalho todos os dias às 22:00 h. Mal conversa com a mulher e os filhos. Nos finais de semana estão no clube da cidade, ele tomando sua bebida preferida, a mulher conversando com as amigas sobre joias e os filhos na piscina.
                                                    
                                                         ***

 Fazia 10 anos que Carlos tinha amante. Patrícia, sua esposa no papel ainda morava com ele. Não mantinham mais relaçôes. Aceitava essa situação pelos filhos e porque não queria trabalhar. Talvez daqui a cinco anos peça o divórcio.


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Antiburguesia I

Nascer-estudar-trabalhar.casar-ter filhos.construir uma casa- piscina-carro-casa de praia- veraneio-trabalhar-trabalhar-trabalhar-trabalhar-MORRER.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Boletim do tempo II

                                           (Imagem retirada do site http://noboteco.wordpress.com)

Depois que saiu a notícia da internação do ex-jogador Sócrates, lembrei de uma copa não sei de que ano, eu deveria ter uns 12 anos, Zico perde um gol. Não sei se Sócrates estava, acredito que sim, eles são da mesma época. Depois do gol perdido, meu amigo começa a chorar. O Brasil volta para casa. Lembro de outros nomes: Rivelino, Raí. Posso estar equivocado quantos aos nomes, futebol nunca foi meu forte, mas esse gol perdido realmente houve. Meu amigo e ex-vizinho gostava muito de futebol e sua emoção nesse dia jamais vou esquecer. Como o tempo passa rápido.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A burguesia

                            (Imagem retidada do blog http://burguesiafede.blogspot.com)

"Pois o que eu odiava mais profundamente e maldizia mais era aquela satisfação, aquela saúde, aquela como- didade, esse otimismo bem cuidado dos cidadãos, do normal, do acomodado".( O lobo da estepe, de Herman Hesse, pag 87)