quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Livros

                                                                           Imagem deJeffersson Design

Como é bom um livro novo. Antes de começar a ler, acaricio, olho capa e contra-capa, leio-os, leio a orelha, folheio. Se tiver capítulos, leio os títulos dos capítulos. Dou até uma rápida olhadela no fim da história. Passo a vista pela bibliografia. Quero saber qual é a editora, quantas edições, ano de lançamento. Cheiro  e começo a ler. Que prazer! O autor agora morreu. Sou eu quem vai dá sentido ao texto.

Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.

Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.

Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:

Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.
 

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