sábado, 6 de agosto de 2011

No caminho

 
                                            (Imagem do site http://seriecaminho.wordpress.com)

Pablo fazia a primeira série do ensino médio. Dessa vez foi estudar numa escola longe de sua casa. Não tinha dinheiro para o ônibus. Ia e voltava a pé. Muitas vezes sem tomar café, nem dinheiro pra merendar na hora do intervalo. A volta era pior sob o sol escaldante. Ao lado do hospital Rafael Fernandes ficava um Senhor com um carrinho de confeitos, mas não vendia só balas. Pendurado no carrinho ficavam umas bolachas pretas, meio grandes. Saliva. Que fome danada! Ficava só na vontade. Ao chegar em casa só havia feijão e farinha.

2 comentários:

  1. No meio do Caminho

    Pablo estava faminto. Sabendo que só iria encontrar aquele feijão e farinha, olhou aquela bolacha preta no carrinho de confeitos e preparou, mesmo com fome, para roubá-lo. Ligeiro e faminto Pablo com a mão direita roubou as bolachas e com a mão esquerda carregava os cadernos surrados. O homem gritou ao meio dia: Pega ladrão, pega ladrão...todos viram aquilo. Pablo corria um pouco feliz. No exato momento de azar a vida de Pablo uma ronda policial passava. Atualmente, a polícia esta muito atarefada. De dentro do carro, um policial sacou da arma e atirou, caiu o adolescente faminto com cadernos e bolachas nas mãos. Naquele meio dia, se misturava sangue jovem com cadernos e bolachas de 1,99 centavos...

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  2. O fim do Caminho

    Pablo estava ferido, mas não morto. Depois de horas sofrendo dores e de barriga vazia, foi levado por um hospital. Quando chegou com a bala no corpo, as enfermeiras e o médico resolveram trata-lo como um marginal, embora esteve com a farda de colégio de ensino médio público. Quando recebeu auta do hospital, Pablo tinha decidido mudar de vida. Seria marginal e não mais herói como ele imaginava. Aquele sangue derramado no asfalto cru fizera nascer socialmente uma pessoa indignada com a injusta sociedade mossoroense e a liga da Rosa que é sem perfume. Começou a furtar o que via nos comerciais de televisão, começou a perturbar a ordem silencioso dos bairros nobres da cidade, deu início a histórias de era um novo brinquedo do cão. Ganhou corpo de homem e uma voz grave ao falar. Foi um bandido por falta de opção. Um dia, antes de morrer num dos mais variados tiroteios mossoroenses ainda pensou: " Deus é um cara gozador, adora brincadeira..."

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