Se o poema não é uma pedraÀ medida da mão,Então deve ser uma luvaPerfeitamente cortada.Se não é uma luva, é um anelFeito de um metal violentoOu um dedal que empurra a agulhaQue confecciona o pensamento.Se não é dedal, é um lategoQue só reflete o claro:Não admite seu impoluto azougueA dúvida do segundo planoSe não é um espelho, é um lápisQue só escreve um alfabeto:O alfabeto das sílabasQue podem pegar a granel.(joao Cabral de melo neto )
Se o poema não é uma pedra
ResponderExcluirÀ medida da mão,
Então deve ser uma luva
Perfeitamente cortada.
Se não é uma luva, é um anel
Feito de um metal violento
Ou um dedal que empurra a agulha
Que confecciona o pensamento.
Se não é dedal, é um latego
Que só reflete o claro:
Não admite seu impoluto azougue
A dúvida do segundo plano
Se não é um espelho, é um lápis
Que só escreve um alfabeto:
O alfabeto das sílabas
Que podem pegar a granel.
(joao Cabral de melo neto )