quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Meu ancoradouro

Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar
                                                                                                                  ( Cais, de Milton Nascimento )






MEU ANCORADOURO

Escorre sangue
Das veias de um ser humano
Por sofrer
Por não viver como devia.
Escorre do mangue
Uma lama preta
Escorre feias feridas
Escorre as feias feridas dos homens
Por poluir rios e Marias
Na poluição do preconceito.
Escorre o mal feito.
O ancoradouro é meu coração.

Do meu ancoradouro também escorre
Alegrias
Ele bombeia o mal e o bem
            o querer e não-querer
            o bem-me-quer e o mal-me-quer
Escorre
       Escorre
Escorre a vida
             a lida
                  idas
Cheia de idas.                                                          





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