O céu encoberto de faíscas, trovões e relâmpagos acenam meus olhos e ouvidos. Em cada instante de escuridão uma lembrança de minha velha infância.
A descida de um pequeno morro, correndo e uma vespa desesperada atrás de mim. Minha casa ficava em cima desse morro e era feita de taipa. De lá avistava à casa dos meus avós e o por trás dela um pequeno açude.
Vim morar na cidade e assim que voltava de férias ao lugar onde morei até os 5 anos de idade, corria logo para o açude, adorava arrodear o seu paredão, mesmo quando ele estava seco, parava ao meio e sentia o vento bater no meu rosto. Era o meu mar, embora ainda não conhecesse nenhuma praia.
Às seis da tarde, armava rede no alpendre, meu avô ligava o rádio para escutar a voz do Brasil. ”Eh, boiadeiro que a noite já vem, leva o meu gado e vai pra junto do seu bem”. E me dava uma saudade de casa e das brigas com minha irmã mais velha.
O céu clareou, já posso seguir de volta ao que sou e onde estou.
Trovões, relâmpagos...Guimarães Rosa
ResponderExcluirO ataque da vespa...Mário de Andrade.
A troca da vida no campo para a cidade...
José Lins do Rego
No açude, adorava rodear o paredão...
Graciliano Ramos
Era o mar, embora não tivesse praia...
Joao Cabral de Melo Neto
a rede no alpendre, o avô com o rádio ligado...
Carlos Drumond de Andrade.
O céu clareou...de volta ao que sou.
Clarice Lispector.
*Como se interfaces literárias...