“Mas também sabia uma coisa: quando estivesse mais pronta, passaria de si para os outros, o seu caminho era os outros. Quando pudesse sentir plenamente o outro estaria a salvo e pensaria: eis o meu porto de chegada.
Mas antes precisava tocar em si própria, antes precisava tocar o mundo.”
(Clarice Lispector, em uma aprendizagem ou o livro dos prazeres)
Caro Costinha,
Lembra de Natal, Cidade Alta, Galpão, 1994? Sempre conheci as cidades pelos melhores bairros. Você me fez conhecer a Ribeira, berço da nossa capital. Como vai Macaíba? Essa cidade, mesmo pequena, também me fascina com seus altos e baixos e seus casarões antigos. Ainda lembro acordar em sua casa, colocar Esotérico no seu som e cantar pra rua inteira ouvir. Que saudade de Macaíba.
Costinha, você, também é do mundo , mesmo morando na terra de Auta de Sousa. Você é Apodi, Mossoró, Recife, Natal e Brasil. Não necessariamente nessa mesma ordem.
Espero que você se lance sempre nesse armazém de lugares e voe por caminhos mais altos, os mais diferentes e ecléticos assim como você é.
Abraço,
Edson.
P.S. Aguardem cartas.
Meu caro, foi uma felicidade receber a noticia em seu estado dionisiaco sobre esta carta. Todas as cartas são ridiculas, mas ridiculo é quem nunca escreveu uma carta.
ResponderExcluirE agora após ler essa carta que me emocionou muito ficou mais evidente que temos uma amizade solida. Quanto tempo mesmo ? O tempo...
E nossas historias de adolescencia e junventude ? de verão ? Essa de ouvir esotérico numa manhã ao som alto é mínima. Lembra de pipa ? E recife ? E o pagode em Natal ? E nossas ida ao bar de Gal?
Estou feliz com a carta. VocÊ definitamente é out, acima do bem e do mal.
ORATÓRIO DE SANTA LUZIA
ResponderExcluirDesenhei olhos
As íris azuis vingou o odio de Púbio.
Contornava-lhe com pálpebras fartos cílios.
Visões invisíveis pintavam o papel.
Até descobrir o olhar caledoscópio
Que me luzia com os vitrais na catedral,
Revela não pelas palavras
De modo explicito
E sim na maneira de viver
Vejo que aprendi com seus olhos
A ter coragem na vida,
A guiar-me a justa escolha dentro das horas escuras.
Não queimei na fogueira da vaidade
No qual fui lançado,
Fui de você que me lembrei naquele momento.
Honro a liberdade que estou condenado.
A quebra das amarras do cavalo capital
Ferroz a mim arrastar
Foi com a tua força que alcancei a graça.
Aquele pão que deste
Não só saciou a fome .
O gesto revestiu-me o ser de sapiência.
Alcancei a sublime saúde.
Feliz vejo o verde e o vermelho
Todo dia 13 de dezembro,
Nas ruas de Siracusa ou Mossoró.
Graças a ti que une-nos
A ordem devocional.