Sábado e Noite
(Virgínia Woolf, Mrs. Dalloway )
Motos correndo pelas avenidas quase atropelam os pedestres nas ruas. Após o sinal ficar verde, buzinas e arrancadas de automovéis garantem mais velocidade na vida moderna enquanto se ver no retrovisor o neon das lojas. Hoje é sábado e são as horas infinitas. Repetia o mantra: " todo mundo espera algo de um sábado a noite." Ninguém poderia detê-lo. Quando chegasse em sua casa, enfim ligaria para quem quer que fosse e marcaria um programa.
Já em casa fez um barulho com a moto na área. Foi recebido por sua mãe que abriu uma sorriso e a porta da sala com agulha e a peça de crochet. As pressas, saiu de cima da moto, foi tirando o capacete e para não cair os óculos. Enquando ela lhe falava assuntos rotineiros e ao mesmo tempo já estava na cozinha preparando o jantar. ele entrou no quarto e planejou o que fazer para a noite, jamais diria "num sei...". Queria deixar o instinto rápido e nocivo lhe levar pelos caminhos dos noturnos. O verão nunca sai da cidade e sempre deixa as pessoas tão friviolas com o que fazer nas noites. A cidade não era tão ingrata como se dizia nas rodas de amigos.
Sabia-se da peça de teatro em cartaz, dos shows de música, a exposição e os bares. Ah, os bares !!!! Todos repletos de gente. Sentar numa mesa e ver o vai-vem de cada um. poder ser um programa. Talvez, visitar um amigo e depois esticar para a boate. Beber e falar alto, dançar na pista com luzes lhe aplaudindo e ir jogando conversa fora até cair na gargalhada. Pulsar com o sangue já etílico.
Comeu algo que a mãe lhe tinha posto na mesa. Depois foi direto ao banho ouvindo uma música. Ainda de toalha, senta-se na cama. Observa rápido o quarto como se estivesse procurando algo, perdido ou novo naquele lugar. Ainda sobravam as horas. Quem sabe ver uma parte do filme. Os seus olhos se fixaram na estante dos livros desarrumados e empoeirados, um título lhe chama a atenção e que há tempos prometia a si mesmo que iria ler: Ulisses ( james joyce ). Vestiu-se com uma roupa simples. Dentro do quarto, trancou-se. Desligou o telefone. Deitou-se na cama em silêncio e pegou o livro leu...Bloomsday.
Nenhum comentário:
Postar um comentário