domingo, 21 de novembro de 2010

Carta à Cecília Meireles

Cara Cecília,
O céu hoje amanheceu azul, límpido, mas de repente se tornou escuro.
Uma névoa em forma de barco entrou pela minha janela. Dentro dele um gato preto insiste em olhar para mim fixamente. Seus olhos cor de mel me levam instantaneamente a um entardecer  nos céus de Recife.
Passeio por Recife antigo, pela beleza dos negros e turistas ávidos. A noite vem e volto para o gato que agora com suas garras me fazem pecar. Um pecado tão bom quanto seu olhar.
Nesse barco pequeno, Cecília, à deriva, já em alto mar, esqueço o olhar do felino.  Uma suave neblina me faz declinar. Os pingos doem, embora suaves. Corro perigo nessa imensidão. O destino fugaz me faz ver montanhas, florestas e o líquido avermelhado de um vulcão.
Até que enlameado pelas larvas desse vulcão,  encontro Deus e o fogo me satisfaz.
Cecília, espero que você se encontre bem no desespero brando do véu, aí no paraíso, entre seus versos cheios de paz e céu.
                                                         Abraço
                                                                      Edson.


Um comentário:

  1. Carta à Edson,
    amigo o domingo tem sido uma experiência só. Nossas almas que estão vinculadas pela arte da palavras que insistiram em escrevê-las na carta para você.Era dentro desse espaço virtual que retonamos a nos escrever.
    Acordo as 6 da manhã, mesmo sendo domingo, tomo um gole de café mordo um pedaço de bolo feito em padaria. Nunca fui bom em fazer essas coisas, doces e bolos. Depois vou ao supermercado e compro frutas e um enlatado.
    Acordei com saudade de Recife. Ah, essa cidade que não me sai da memória. Lembro-me dos tempos que lá vivia e lhe escrevia contando das descobertas, das esquinas, dos filmes e das peças. Mandava uma carta, mas você nunca respondia ou enviava outra. Sempre dizia que a preguiça ou o esquecimento o fazia pular o retorno, como um gato manhoso ou preguiçoso. Ainda Bem que você isso.
    Edson, eu acho que está tão bom viver. Você que escreve sem pressa de morrer mais. Suas cartas as escritoras tem isso: um apelo a vida. Visito esse blog diariamente como quem tem o obrigação de visitar uma igreja cotiano...Escreva, escreva...pois eu estava sentindo falta disso, originalmente seu.
    Menino, estou lendo muito tudo em chamas,livros de todos os tamanhos...gosto de partilhar isso sem ter sono.
    O melhor são os artigos curtos e os inéditos.Adoro os inéditos. Sabe como as coisas combinam ...escrevendo eu digo mais.
    Edson escreva por favor.
    Teu amigo Costa

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