quinta-feira, 31 de março de 2011

Rio que não é rio

Gostaria que o Rio Mossoró me envolvesse tanto quanto o Tejo de Pessoa, o Capibaribe de Bandeira e de João Cabral de Melo Neto ou O Rio Potengi que encantou o autor do Pequeno príncipe com seu pôr do sol. 

O rio da minha cidade só me traz lembranças de enchentes como a de 1985 que invadiu minha casa, mesmo esta não estando à beira do rio. Hoje está poluído por moradores da cidade, fábricas e esquecido pelos políticos no poder.

Gostaria de cantá-lo para encantar as pessoas que por ele já se banharam, que dele já precisaram e para os que virão. Mas é um rio que passará despercebido, ninguém um dia vai lembrar do rio da minha aldeia. E pensar que ele já foi cantado até por Drumond: "As lavadeiras de Mossoró, cada uma tem sua pedra no rio: cada pedra é uma herança de família, passando de mãe a filha, de filha a neta, como vão passando as águas do tempo... Na pobreza natural das lavadeiras, as pedras são uma fortuna, jóias que elas não precisam levar para casa. Ninguém as rouba, nem elas, de tão fiéis, se deixariam seduzir por estranhos.” Vocês encontram mais do conto  em "Contos Plausíveis, editora Record. Aqui nós sabemos que ele nunca  esteve, mas vindo de Drumond não é novidade.

As lembranças boas não existem para as atuais gerações, nem tampouco para as vindouras. Só me resta dizer, infelizmente, "foi um rio que passou em minha vida".
                                            ***
Curiosidade: Drumond teve uma cozinheira mossoroense, chamava-se Luzia Helena de Carvalho ( 1926-2002)

quarta-feira, 30 de março de 2011

Famigerado

 Alguém sabe o que é famigerado? Até 15 atrás, eu também não. Dando aula para os sextos anos sobre o uso do dicionário, os alunos tinham que procurar o significado dessa palavra. É o típico caso da arbitrariedade da língua, ou seja, o significante nada tem a ver com o significado. Isso dá, também, outro tipo de atividade apra fazer com os alunos.

Quando li essa palavra, lembrei de esfomeado, de alguém com muita fome, mas ao ver o real sentido, não remetia a isso. Sempre que escuto ou leio uma palavra desconhecida, no mesmo dia me deparo com ela, ou escutando na tv, ou dito por alguém na hora da interlocução, ou em livros e revistas. Pois bem, na mesma semana , li o artigo de Roberto Pompeu de Toledo que falava da visita do presidente Barack Obama, que dizia: " ... sinal de que guarda uma grande notícia, talvez relacionada com a famigerada cadeira." Nesse caso a cadeira de presidente. Embora que ,com sua vinda vimos que não houve muitas novidades para ajudar o Brasil. Nesse meio tempo, já sabia o que significava essa palavra. Vocês devem estar curiosos. Famigerado significa, segundo o Aurélio, de muita fama ( sobretudo quando má). 

Então, temos: A grande famigerada Fernanda Montenegro; O famigerado Adriano volta ao Brasil, etc. Essa palavra, também me fez lembrar de Guimarães Rosa, que adorava neologismos como "nonada". Famigerado bem que poderia ter saído de um de seus contos ou romances como Tutameia, Sagarana ou Grandes sertões: veredas. Coisas de nossa "última flor do Lácio inculta e bela"

terça-feira, 29 de março de 2011

Carta para mim

Alguns acham que escrever cartas num meio eletrônico tão avançado e dinâmico é ultrapassado. Mas é tão bom relembrar velhos tempos.  A expectativa de receber notícias  de amigos e familiares era legal à bessa. Quando as missivas vinham à cavalo, a alegria deveria  ser maior ainda.
Lógico que agora é tudo muito melhor. Entretanto, velhos hábitos poderiam permanecer vez em quando.
Quem nunca escreveu cartas de amor que atire a primeira pedra. Quem  escreveu para um amigo quando estava triste?
Comecei a redigir cartas aqui, neste blog. Realmente faz muito tempo que não mando cartas á moda antiga. Como a língua coça para ler, da mesma forma minha mão para escrever. Nunca me senti tão bem, tão up ,tão in, so happy, so all.
                                                          XX OO
                                                             Edson
P.S. Março é o mês do meu aniversário, que adoro, mas é tão comprido! E os dias estão longos demais, ou é impressão minha?

segunda-feira, 28 de março de 2011

De onde?


                                                              Meu nome é Gal
                                                              e desejo me corresponder
                                                              com um rapaz que seja o tal.
                                                              Meu nome é Gal.
                                                                ( Roberto e Erasmo Carlos)

De onde virá o meu amor
de Angola ou da Oceania?
Não sei. Não sei.
Será francês com sua voz doce
ou será alemão com sua frieza
                        e descortesia?

Talvez de Baraúna
Governador Dix-sept Rosado
Natal.
Ou virá da Bahia?

Chegará de nau
              à cavalo
                 de bonde
                     ou jatinho?

Virá
Quandop menos eu esperar?
Virá
guerreiro, um Calabar?
Virá
Simples, sem modelo, para amar?
Virá.
                   ( Mossoró, 24/03/11)

domingo, 27 de março de 2011

Noite


A noite vem
não a noite de Drumond
que dissolve os homens.
Mas a noite que pernoita
no mote do amor.

Depois desanoitece

Só assim
o açoite que foi da noite
deixou marcas em mim.

Foices e mais foices.

Oi! Que bom!

sábado, 26 de março de 2011

Confabulando VII


I- Por que padre adora comer?
II- Elisabeth Bishop gostava de ficar olhando mapas. Tornou-se uma grande viajante. Aportou por um tempo no Rio Janeiro.
III- Drumond não viajava, exceto uma vez, foi à Argentina, visitar a filha e os netos, mas sua poesia é universal. É como se conhecesse todos os países.
IV- Ser de primeiro mundo é outra coisa. Nenhum japonês saqueou supermercados ou lojas depois do tsunami. Durante o terremoto, tembém, não houve pânico, nem correria. Apesar dos mortos, o país estava preparado para a situação. Se não teria sido pior. Se fosse no Brasil?
V- Virou moda em Mossoró assaltos a bares e restaurantes. No bar de Lucena e em frente ao IFRN. Deve haver outros.
VI- Morre Elisabth Taylor- talento e beleza.
VII- Não vou mais falar sobre política neste blog. Cada vez aumenta minha indignação pela politicagem brasileira. O estopim foi a manchete que saiu ontem na Folha, "Governo negocia nova fórmula para a aposentadoria." Eles fazem o rombo e nós que pagamos.
VII- Muito cuidado com o que se fala. A peça " Fique frio" foi cancelada no Piauí, depois que o ator Marauê Carneiro postou no facebook a seguinte declaração, " Se o mundo tiver cu, está no piauí". Mais detalhes leiam a Folha de São Paulo.
IX- Para pensar:

Resposta ao Tempo

Nana Caymmi

Composição : Aldir Blanc/Cristovão Bastos
Batidas na porta da frente
É o tempo
Eu bebo um pouquinho
Prá ter argumento
Mas fico sem jeito
Calado, ele ri
Ele zomba
Do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei
Num dia azul de verão
Sinto o vento
Há folhas no meu coração
É o tempo
Recordo um amor que perdi
Ele ri
Diz que somos iguais
Se eu notei
Pois não sabe ficar
E eu também não sei
E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos
Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto
E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver
No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer
Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto
E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver
No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, e ele não vai poder
Me esquecer
No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer

sexta-feira, 25 de março de 2011

Flashback






                 PASSADO
    Passado             passado                           
             Presente  
Passado                  passado   
                 Passado

                 THE END                        

Blackout

BLACKOUT

quinta-feira, 24 de março de 2011

Sonhei...

Sonhei que todas as crinças sonhavam e não estavam abandonadas, nem moravam nas ruas; sonhei que toods os idosos eram tratados com dignidade, sonhei que os amigos sempre eram fieis e não passavam na cara, na primeira oportunidade, algo tão íntimo que contamos com tanta confiança; sonhei que vivíamos em paz com leões, tigres e tubarões; sonhei que todas as madrastas tratavam bem seus enteados e que os padrastos não assediavam suas esteadas; sonhei que as mulheres não precisam se prostituir para dar comida a seus filhos; sonhei com o ecumenismo, nenhuma religião salva e todos viviam unidos por um mesmo Deus; sonhei que havia diálogo entre as pessoas de todas as famílias, só assim haveria menos drogados, menos suicídio, pessoas vivendo sua sexualidade e sendo felizes da forma que são; sonhei que não existiam mais pesadelos, só sonhos afinal. Sonhei com uma utopia possível, uma anarquia possível, pois as formas de governo que aí estão, nenhuma, dão conta dos sonhos de toda humanidade, que é a de vivermos nossa humanidade.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Azul


O dia
nebulosidade
nuvens duras olham pra mim
ansiosas e nauseabundas.

No Polo Sul
céu azul.

Enquanto isso
na sala da tristeza
 pedras de acalanto
me fazem navegar em nuvens de amianto.

terça-feira, 22 de março de 2011

Demorar a morrer

Suas armas são doença,
com que a todos acomete;
por qualquer lugar se mete,
sem nunca pedir licença
[...]( José de Anchieta)

Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça? ( Raul Seixas)


Algumas pessoas demoram a morrer. Vejo situações de pessoas que durante a vida foram gordas , aos se aproximarem dos 80, prostam-se, ficam magras, não comem nada sólido, estão aos cuidados dos familiares e enfermeiros, e o pior, lúcidas. Será que essas pessoas estão pagando algum erro que cometeram? Pelo menos é assim que pensam os mais velhos e religiosos. Sinceramente não sei o que pensar. Não quero fazer parte do rol que dizem, " fez aqui, paga aqui." Acho isso desumano, vem de pessoas vingativas. O mal que desejamos aos outros voltam para nós. Nisso eu acredito. Não cabe a nós humanos julgar. Devemos ser éticos e viver a vida sem preconceitos e julgamentos. A única coisa que peço é que quando a ceifadora vier, que me leve rápido, mas isso não estar no nosso querer. Paz para esssas pessoas que sabem que vão a qualquer momento sem quererem ir e conforto aos que ficam.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Ciência x literatura

Participei de uma capacitação sobre o método científico, dia 19/03/11, voltado mais para os professores das exatas. Como era extrarregência do estado, também tinha que parcipar, mas sou das ciências humanas.
Fica cada vez mais comprovado que os maiores financiamentos são para projetos e mestrados da área das ciências e tecnologias. As bolsas para estudantes de mestrado das ciências humanas, literatura ou línguística, por exemplo, são cada vez menores, no máximo ganha bolsa quem passa em até o terceiro lugar.

Leila Perrone-Moisés tem um livro chamado Inútil poesia. Neste livro de ensaios fica claro a importância da poesia, da literatura, já que esta é vida. Fala de coisas da vida, mesmo sendo ficção, vemos a vida de forma crítica e por outras perspectivas. Basta lermos um Drumond, Graciliano, Guimarães, Ferreira Goulart ,entre outros. 

Como vivemos num mundo capitalista, as pessoas só pensam e dão valor a coisas práticas, por isso tanto dinheiro para as exatas: físisca, quimica, biologia. Para que serve, então a poesia? Devemos voltar os olhos para nós mesmos, correr atrás de dinheiro, sim, mas sem esquecermos aquilo que faz bem a nossa alma e nos deixa mais felizes e sábios advindos de um ócio criativo.

domingo, 20 de março de 2011

Carta a Carlos Drumond de Andrade

Fazia tempo que queria te escrever, mas o momento é este. Tu és um poeta profeta. Relendo alguns versos  de João Cabral de Melo Neto, ele me lembra  dos teus versos quando tu falas de injustiça e de situações conflitantes. O poema fala de um rio, mas bem que poderia ser um mar e lembrei de nossos irmãos japoneses, diz assim: "vira a usina comer/ as terras que vai achando./ Com grandes canaviais/ todas as várzeas ocupando.O canavial é a boca/ com que primeiro vão devorando/ matas e capoeiras,/ pastos e cercados./ Com que devora a terra/ onde um homem plantou seu roçado./ Depois poucos metros onde ele plantou sua casa.' Não parece o tsunami do Japão, Carlos? E outros versos teus me lembraram a Líbia : " Os homens não melhoraram e matam-se como percevejos". Tudo pelo poder. Como o ser humano é egoísta, mesquinho. E na nossa África cada vez pior, como você mesmo previu: " A negra para tudo/ a negra para todos/ a negra para capinar plantar/ regar/ colher carregar empilhar no paiol/ ensacar/ lavar passar remendar costurar cozinhar/
rachar lenha/ limpar a bunda dos nhozinhos/ trepar", pois é a injustiça social ainda reina, tanto aqui, como lá.

Os homens Drumond estão cada vez pior, mesmo com a tecnologia avançada, nada melhora. Você se foi em 1987,ainda não havia o termo globalização, ainda não havia internet. Se você estivesse aqui, seus versos continuariam pessimistas, niilistas.

Quanto aos relacionamentos, tu disseste em O sobrevivente:" Amor se faz pelo sem-fio, pois é, com a internet, se faz sexo pela cam, você imagina? O ser humano está cada vez mais só.
Para tudo isso acontecendo, mesmo se nos chamássemos Raimundo, seríamos uma rima, não uma solução para este mundo cruel. "Eta vida besta, meu Deus.'
                                     Um abraço de quem te admira,
                                                  Edson Pereira

sábado, 19 de março de 2011

Confabulando VI

I- Sou contra política de cotas. A educação era para ser prioridade nesse país e todos deveriam ter uma educação de qualidade, só assim poderiam competir de igual para igual.
II- O Big Brother encurtou. Vai terminar antes do previsto. Baixa audiência. Ou será quie o povo cansou de baixaria?
III- Hoje é dia de S. José, padroeiro de minha paróquia. Muitas lembranças.
IV- Também é aniversário do meu cunhado César.
V- Será que Cláudia Leite e Ivete Sangalo vão levar garrafadas no Rock in Rio como o timbaleiro Carlinhos Brown em 2001?
VI- Não é só no IDEB , Prova Brasil e no ENEM que mostram que vamos mal na educação. Nenhuma universidade brasileira está entre as 100 melhores numa pesquisa feita Times higher education.
VII- O jogador Adriano é a Vera Fisher de antigamente. Seu contrato com o Roma foi rescindido por não comparecer aos treinos, não fazer gols e se comportar mal, mas com uma diferença, Vera continuou ganhando da globo.
VII- O filme Amor estranho amor poderá voltar a ser axibido. Xuxa já entrou na justiça para que isso não aconteça. Segundo Aníbal Massini, A apresentadora não depositou os 60 mil dólares para que a fita continuasse engavetada.
IX- Robert Rey, o doutor Hollywood, diz que se veste de gay , mas não e´gay.
X- Rico é outra coisa. O Japão já começa sua reconstrução. Tomara!
XI- Muito sem criatividade um título de novela como Morde e Assopra. Janete Clair faz tanta falta.
XII- " Mas leio, leio. Em filosofia
          tropeço e caio, cavalgo de novo
          meu verde livro, em cavalarias
          me perco medievo: em contos, poemas
          me vejo viver. Como te devoro,
          verde pastagem. Ou antes carruagem
          de fugir de mim e me trazer de volta
          à casa a qualquer hora num fechar
          de páginas?" ( Carlos Drumond de Andrade, em Biblioteca verde)

sexta-feira, 18 de março de 2011

Poesia em mim


Nesta manhã tranquila
o vento surge
insurge.
Gorjeiam no ar
meu Ah!
meus ais

Mas sinto
uma infinita paz.

Desde ontem à noite
me sinto assim
clandestino de mim.

Mas sinto
uma infinda paz.

Desde sempre
me sinto uma antítese
uma antitese.

Mesmo assim
vou ao meu encontro
até a infinita paz
à completa chegada ao cais.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Resiliência

Segundo a wikipédia, resiliência é a capacidade do indivíduo de lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir a pressão de situações adversas- choque, estresse, etc.

Nós, professores muitas vezes temos que recorrer a isso, quando surge certas situações em sala de aula que fogem ao que planejamos, como por exemplo, uma briga entre alunos, uma pergunta sem ser da matéria, mas que diz respeito à realidade a qual o aluno vive, entre outros casos bons ou ruins. Às vezes, planejamos um aula com slide e o computador não funciona, recorremos a resiliência. Qualquer profissão se serve desse termo, pois qualquer uma tem seus ossos do ofício. Qualquer uma que lide com o público.

A resiliência é um termo emprestado da psicologia que pegou emprestado da física. Esse termo tem tudo a ver com a psicologia. Faz-me lembrar paciência. Na sala de aula precisamos de muita. Lembra-me, também, de resistência, precisamos de muita em classe. E por aí vai, no trânsito, no ônibus, no banco, no consultório médico, com a família, em toda nossa vida.

Sejamos resilientes, só assim,  conviveremos melhor com o outro, seremos mais tolerantes e mais sociáveis, pois não teremos medo do outro de quem tanto precisamos criar vínculos harmônicos e até mesmo íntimos.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Um cafezinho!


Um café depois do almoço, depois do cigarro. Quando criança via os adultos com essas manias de tomar café. Sempre que chegamos à casa de alguém, logo perguntam " um cafezinho !, ou seja, não perguntam, já oferecem de imediato. Nos eventos ele virou coffee- break. Temos também locais como nas livrarias, que promovem cafés litarários, cafés filosóficos.Café já tem tudo a ver com poetas, mas também com delegados, pra aguentar um plantão, haja café. Quem não se lembra de Hugo Carvana como Valdomiro Pena em Plantão de polícia?

O cheiro do café lembra minha infãncia. O café sempre vinha associado a um beju na casa de minha tia-avó Santília, uma santa.

Agora adulto não dispenso nem o cafezinho da tarde. Antes só tomava uma vez, de manhã, na hora do desjejum. Na verdade  é o melhor horário. Pão quentinho, manteiga e café, claro. Esse danado cai bem com tudo. Já ,à noite, não posso tomá-lo. Dá insônia. Ah! Dizem também que quem gosta muuuuito de café é porque é viciado em sexo. Será? Uh lalá! De qualquer forma experimentem um café diferente. Um capuchinno. Um café tradicional com chantilly. Invente, assim como no sexo. Menos café gelado, mas se você gosta, fazer o quê. Cada um tem suas preferências, não acham? Bom café.

terça-feira, 15 de março de 2011

Escola esquecida

Hoje é o dia da escola, mas não há muito o que comemorar. Antes havia poucas escolas, porém eram de qualidade. Atualmente todos têm acesso à escola e isso é ótimo; o número de vagas aumentou, no entanto a qualidade diminuiu. Querem culpar somente o professor pelo fracasso do ensino. Temos, sim, uma parcela de culpa, mas enquanto não houver uma política de incentivo para os profissionais se capacitarem, principalmente em fazerem um mestrado e um bom plano de cargo e carreira que incentivem os bons alunos do ensino médio a serem professores, não vejo perspectiva de melhora.

A escola ainda está muito distante dos alunos. Salas de informática com poucos computadores e ultrapassados, internet lenta, apenas um micro system para vários professores, uma única sala de vídeo para atender  a todos os professores da escola e as dificuldades não param por aí. 

Enquanto for dessa forma nada vai melhorar. Nós, professores já fazemos muito por uma educação que não é prioridade nesse país. Mesmo que entre um secretário ou ministro de educação comprometido com a causa, são barrados pela politicagem que assola câmara, senado, governos de estado e municípios.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Costumes

Os costumes vão passando de geração em geração. Antigamente quando as pessoas morriam, jogavam-se todas as roupas e pertences do defunto quando estes morriam de doenças contagiosas ou de câncer. Não era tão antigamente, não. As pessoas que me contaram têm entre 50, 60 e poucos anos. Diz o ditado que costume mata, mas quem não gosta de tirar um cochilo depois do almoço, comer um docinho, também após o almoço? Em relação ao amor pode matar mesmo, lembrem-se da música de Roberto e Erasmo: "
Eu pensei
que pudesse esquecer
certos velhos costumes
Eu pensei
que já nem me lembrasse
de coisas passadas
Eu pensei
que pudésse enganar
a mim mesmo dizendo
que essas coisas da vida em comum
não ficavam marcadas
Não pensei
que me fizessem falta
umas poucas palavras
dessas coisas simples
que dizemos antes de dormir
De manhã
o bom dia na cama
a conversa informal
o beijo depois o café
o cigarro e o jornal
Os costumes me falam de coisas
de factos antigos
não me esqueço das tardes alegres
com nossos amigos
Um final de programa
fim de madrugada
o aconchego na cama
a luz apagada
essas coisas
só mesmo com o tempo
se pode esquecer
E então eu me vejo sozinho como estou agora
e respiro toda a liberdade
que alguém pode ter
De repente ser livre
até me assusta
me aceitar sem você
certas vezes me custa
como posso esquecer dos costumes
se nem mesmo esquecí de você!!!" Pois é, só resta esquecer os costumes e partir para outra, até que vem novos costumes ou serão os mesmos? É a lei do eterno retorno. Só Nietzsch explica.
Costume em inglês significa fantasia, trajes. Tem tudo haver com nossos costumes carnavalescos, pois além do carnaval ser um costume popular, as pessoas se fantasiam daquilo que mais desejam ser ou com o que se identificam. Dessa vez, os costumes só duram até a quarta-feira quando tudo se acaba para desespero dos foliões, mas há a esperança incontida do próximo ano, de outro carnaval. Se costume mata, realmente não sei, mas que deixa uma saudade, ah! isso deixa mesmo.

domingo, 13 de março de 2011

Carta a João Jales

Caro João Jales,
Sei que cada pessoa é única, mas às vezes digo que quero ficar igual a você. Sempre caseiro, mal sai em Mossoró, digo, na noite mossoroense. Prefere o balanço de sua rede, sua tv e a paz que o vento traz.
Não dispensa os carnatais e algumas viagens a Canoa com amigos. Sua risada é ótima, você sabe ouvir os outros e isso é uma qualidade que admiro nas pessoas. Quem fala demais é falso, você concorda, João?
Lembro de você desde a faculdade, você era amigo de Walterlin. Sua mãe trabalhava lá em letras. O destino quis que nos conhecêssemos. Um abraço e que continue sendo competente no trabalho e com os amigos.
                                                                 Edson

sábado, 12 de março de 2011

Confabulando V

I- Por que as mulheres vivem mais?
II- A esposa de Guimarães Rosa morreu dia 02/03/11 aos 102 anos. Ele morreu com 59 anos, novissímo.
III- Rui Castro tem muitas histórias pra contar. Nasceu em 1948,  Já escreveu sobre Nelson Rodrigues, Carmen Miranda, Garrincha e bairros do Rio de Janeiro.
III- Este ano é comemorado os 100 anos de Elisabeth Bishop. Sua vida vai virar filme. Glória Pires vai fazer sua namorada, Lota Macedo Soares. Quem viverá Elisabeth será uma atriz inglesa. Bruno Barreto está a procura. Regina Braga já viveu Bishop no teatro com a peça " Um porto para Elisabeth."
IV- Acho estranho chamar vereador de edil.
V- Aluguel das lojas Marisa no antigo cine Pax, 40.000,00 reais; a Câmara dos vereadores, 13.000,00 reais.
VI- Judeus e palestinos, até quando esse conflito?
VII- O ditador da Tunísia fugiu; o do Egito renunciou e do Líbia está por um fio e Cuba até quando?
VIII- Ganância
1. Artistas que tem o ego lá em cima querem aparecer mais que outros. Os novos não respeitam nem os mais velhos.
2. Deputados num instante aprovam seus aumentos e do resto? O resto é o resto pra eles.
3. Políticos vivem mudando de partido, pra quê?
IX- Tomate canta axé num estilo rock. É animação na certa.
X-  Sai biografia de Cláudio Manuel da Costa, poeta árcade. Autoria de Laura de  Melo e Sousa pela Companhia das letras.
XI- Sempre desejo Carpi Diem aos amigos aniversariantes. Esta palavra era um dos lemas dos poetas árcades. Aproveite o dia., aproveite a vida.
XII- Para lembrar do Arcadismo, que tinha como uma das caracteríticas o bucolismo.

Casa No Campo

Elis Regina

Composição: Zé Rodrix e Tavito
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais

sexta-feira, 11 de março de 2011

Ironias do destino

                                                          (Jorge Luís Borges)

Jorge Luís Borges, poeta e cego na velhice; Stephen Hawkins, físico britânico, a maior parte da vida numa cadeira de rodas; Bethoven, músico alemão e surdo; Aleijadinho, escultor brasileiro que contraiu uma doença degenerativa, seu coprpo foi se deformando; Helen Keller, escritora e conferencista americana, cega e surda; Ray Charles, músico, cantor americano e cego; João Cabral de Melo Neto, poeta e cego na velhice.

Todas essas pessoas têm em comum que precisavam de seus atributos para exercer melhor suas profissões, mas não fizeram dissso empecilho. Continuaram trabalhando e vivendo como pessoas normais. O que vale é a força de vontade, o otimismo e a energia para expressar o seu estar no mundo. A aparência não importa, nem o TER. Importa a essência e o SER.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Aquários

Percebeu que faltava algo em sua vida. Sua casa bagunçada, livros por todos os lados, almofadas velhas e sujas, paredes idem. Sua casa, sua vida. Tirou um pouco de dinheiro da poupança e comprou um aquário. Um bem grande. Colocou em frente a porta de entrada. Depois mudou para o seu quarto. Peixes de todas as cores e tamanhos. A água fluia tão bem. Os peixinhos menores acompanhavam os maiores. Todo cuidado era pouco. Alimentação, PH, limpeza das paredes, limpeza das plantas e do solo.

Percebeu que comprara um aquário japonês. Ele queria um com plantas tropicais. Foi trocar. Voltou com outro mais bonito, mais brasileiro. Um aquário tropical de água doce e biotipo amazônico. Não se sentiu traindo seu país.

Percebeu depois de alguns meses que lhe faltava algo.Não sabia o que era. Passaram-se semanas, meses. Um dia deitado, assistindo seu seriado favorito em plena tarde de domingo, veio um insight. Uma piscina. Sim, era isso que faltava. mandaria construir uma, com certeza, porém havia um problema. Não sabia nadar. 

quarta-feira, 9 de março de 2011

Aniversário III

Aniversário
Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)


 

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais       copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...


15/10/1929

Aniversário II

Aniversário

 Meu anuversário
        Vanessa da Mata

Hoje é meu aniversário
Corpo cheio de esperança
Uma eterna criança, meu bem
Hoje é meu aniversário
Quero só noticia boa
Também daquela pessoa, oba

Hoje eu escolhi passar o dia cantando
De hoje em diante
Eu juro felicidade a mim
Na saúde, na saúde, juventude, na velhice
Vou pelos caminhos brandos
A minha proposta é boa, eu sei
De hoje em diante tudo se descomplicará
Com um nariz de palhaço
Rirei de tudo que me fazia chorar
Cercada de bons amigos me protegerei
Numa mão bombons e sonhos
Na outra abraços e parabéns

Quero paparicações no meu dia, por favor
Brigadeiros, mantras, músicas
Gente vibrando a favor
Vamos planejar um belo futuro pra logo mais
Dançar a noite toda
Fela Kuti, Benjor e Clara

Dar este o espaço

Parabéns Bianca!
Parabéns Felipe!
Parabéns Micael!
Parabéns Mateus!
Parabéns Artur!
Parabéns Luisa!
Parabéns eu! Parabéns eu!

Parabéns Brendon!
Parabéns Guiga!
Parabéns Mayanna!
Parabéns João!
Parabéns Duda!
Parabéns Dri!
Parabéns eu! Parabéns eu!

(Parabéns também para Teté, JP e Luizinha!!)

terça-feira, 8 de março de 2011

The big C.


Estou assistindo a umas novas séries, dentre elas The big C. O título é ambíguo, pois o C., pode estar se referindo ao cancer vivido pela personagem de Laura Linnen ( Cathy) ou ao seu próprio nome. Como ela vai ter que enfrentar um melanona, tem que ser forte, grande e determinada. No início não conta a ninguém e começa a viver cada dia como se fosse o último. Muda com sua família, seus alunos. Torra o dinheiro da poupança, faz as pazes com o pai. Enfim só assistindo esse drama-cômico para adorarmos cada vez mais o ser humano e  o que se tem de mais humano, a luta pela própria vida.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Bárbara Gancia

Bárbara Gancia é jornalista, escreve toda semana para a Folha de São Paulo. Gostei dos eu estilo irônico, satírico, por isso, direta. Não tem meias palavras, critica a quem deve de direito, políticos, artistas, pessoas comuns, etc. Nada escapa  a sua verve jornalística. Abaixo um texto dela, retirado da Folha  de São Paulo.

 Samba do Nicodemus
DIGAMOS QUE VOCÊ goste mais de azul que de cor de laranja. Ou que, dentre todas as verduras, nutra uma predileção especial pelo brócolis. Ou, ainda, que simpatize mais com o poodle do que com o weimaraner.
Agora digamos que alguém decida isolar este tipo de característica e usar apenas essa única informação para defini-lo como ser humano.
De repente, em vez de ser, quem sabe, loiro ou moreno, carioca ou paulista, "baby boomer" ou membro da "Geração X", extrovertido ou travado, torcedor do Bangu ou do Santos, colecionador de selos ou de fracassos sentimentais, enfim, em vez de ser tantas coisas ao mesmo tempo na sua infinita complexidade, imagine se você fosse apenas alguém que gosta de brócolis?
"Lá vai fulano", diriam. "Ouvi dizer que gosta de brócolis". Não seria um reducionismo perverso?
Sujeito é um virtuoso do cello, o outro está trabalhando para desvendar o genoma humano e o pessoal interessado num único atributo: "O que será que ele faz com o brócolis entre quatro paredes?"
Ao longo da semana, a Universidade Mackenzie retirou de seu site, sob protestos, um manifesto contra o projeto de lei que pretende criminalizar a homofobia. Assinado pelo reverendo Augustus Nicodemus Gomes Lopes, o texto diz coisas assim: "As Escrituras Sagradas ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos (...) A Igreja Presbiteriana do Brasil manifesta-se contra a aprovação da chamada lei da homofobia por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna. E por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem sobre o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais."
Será que pregar contra aqueles que gostam de brócolis é simples exercício da liberdade de expressão? E nascer gostando de brócolis seria "opção leguminosa?"
O reverendo Nicodemus quer que a Igreja mantenha intacto o direito de criticar a homossexualidade. Entendo o ponto de vista, afinal, a condenação a uma minoria ajuda a manter o rebanho forte e unido.
Mas, dá para fazer melhor. Olha só a ideia genial que eu acabo de ter: já que os gays cansaram de apanhar, deram para se organizar e conquistaram inclusive o poder de pressionar para ver criadas leis que os protejam na marra, sugiro que se passe a discriminar um novo grupo.
Alô, reverendo Nicodemus! Os judeus a gente descarta de cara. Crucificação e Hitler ainda estão muito frescos na memória, não é mesmo? Que tal partir para uma coisa mais dissimulada, que o povo encontre em todo lugar, mas que seja uma minoria mesmo assim?
E como brócolis também é manjado e muita gente gosta, pensei nas pessoas que apreciam as alcaparras. Veja se o discurso encaixa: "A alcaparra em si é uma criação divina, mas desejar a alcaparra é ceder à tentação, é usar o corpo para propósitos outros do que aqueles que o Senhor entendeu para nós". Não dá o maior samba, Nicodemus?

domingo, 6 de março de 2011

Carta a Sâmia


 Cara Sâmia,
Você veio de tão longe e parou aqui em Mossoró. Admiro o jeito desbravador de pessoas como você. Mora só, longe da família. Mas pensando bem sempre somos sozinhos, mesmo tendo família, amigos, namorados ou não.Você concorda, Sâmia?

Adorei a bandeira do seu estado. Verde, esperança; amarelo, ouro; e a estrela vermelha a brilhar. Espero que essas três coisas não te faltem. Acompanhem você sempre, que esse trio não te faltem e muita saúde, lógico, para enfrentar as interpéries da vida. Pisciana arretada, acreana morena da cor de cravo e canela. A verdadeira Sônia Braga. Já se mudou, Sãmia? Estou esperando o convite para o chá de casa nova. Fique em paz.
                                                                                                              Abraços,
                                                                                                                     Edson.

sábado, 5 de março de 2011

Confabulando IV

                                                       ( Tela de Sara Vieira)

I- A moeda chilena é muito desvalorizada. Cinco milhões de pesos equivalem a 10.000 dólares.
II- Trinta e três foi o número dos mineiros chilenos que passaram 69 dias no fundo de uma mina. A idade de Cristo morto na cruz.
III- Nunca votei para deputados e senadores, principalmente por causa das mordomias que eles têm além dos salários altos. Vejam só isto: "O senado está comprando 28 toneladas de café de primeira qualidade. Vai gastar 336.000, reais." Agora no carnaval vão tirar folga de 11 dias. Nós, professores temos que voltar na quinta. É mole ou querem mais.
IV- Maior rede brasileira de óculos é a óticas Diniz, com 480 pontos de venda; segundo lugar são as óticas Carol com 299 pontos.
V- Já desisti de fazer cirurgia reparadora de visão. Nem vou usar lentes de contato. As minhas têm de ser das grossas. Não quero virar pisca-pisca. Deixe como está.
VI-
O Carnaval de Bandeira
Manuel Bandeira


VULGÍVAGA
 
Não posso crer que se conceba
Do amor senão o gozo físico!
O meu amante morreu bêbado,
E meu marido morreu tísico!

Não sei entre que astutos dedos
Deixei a rosa da inocência.
Antes da minha pubescência
Sabia todos os segredos...

Fui de um... Fui de outro... Este era médico...
Um, poeta... Outro, nem sei mais!
Tive em meu leito enciclopédico
Todas as artes liberais.

Aos velhos dou o meu engulho.
Aos férvidos, o que os esfrie.
A artistas, a coquetterie
Que inspira... E aos tímidos
o orgulho.

Estes, caço-os e depeno-os:
A canga fez-se para o boi...
Meu claro ventre nunca foi
De sonhadores e de ingênuos!

E todavia se o primeiro
Que encontro, fere toda a lira,
Amanso. Tudo se me tira.
Dou tudo. E mesmo... dou dinheiro...

Se bate, então como estremeço!
Oh, a volúpia da pancada!
Dar-me entre lágrimas, quebrada
Do seu colérico arremesso...

E o cio atroz se me não leva
A valhacoutos de canalhas,
É porque temo pela treva
O fio fino das navalhas...

Não posso crer que se conceba
Do amor senão o gozo físico!
O meu amante morreu bêbado,
E meu marido morreu tísico!