Gostaria que o Rio Mossoró me envolvesse tanto quanto o Tejo de Pessoa, o Capibaribe de Bandeira e de João Cabral de Melo Neto ou O Rio Potengi que encantou o autor do Pequeno príncipe com seu pôr do sol.
O rio da minha cidade só me traz lembranças de enchentes como a de 1985 que invadiu minha casa, mesmo esta não estando à beira do rio. Hoje está poluído por moradores da cidade, fábricas e esquecido pelos políticos no poder.
Gostaria de cantá-lo para encantar as pessoas que por ele já se banharam, que dele já precisaram e para os que virão. Mas é um rio que passará despercebido, ninguém um dia vai lembrar do rio da minha aldeia. E pensar que ele já foi cantado até por Drumond: "As lavadeiras de Mossoró, cada uma tem sua pedra no rio: cada pedra é uma herança de família, passando de mãe a filha, de filha a neta, como vão passando as águas do tempo... Na pobreza natural das lavadeiras, as pedras são uma fortuna, jóias que elas não precisam levar para casa. Ninguém as rouba, nem elas, de tão fiéis, se deixariam seduzir por estranhos.” Vocês encontram mais do conto em "Contos Plausíveis, editora Record. Aqui nós sabemos que ele nunca esteve, mas vindo de Drumond não é novidade.
As lembranças boas não existem para as atuais gerações, nem tampouco para as vindouras. Só me resta dizer, infelizmente, "foi um rio que passou em minha vida".
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Curiosidade: Drumond teve uma cozinheira mossoroense, chamava-se Luzia Helena de Carvalho ( 1926-2002)