sábado, 24 de setembro de 2011

O cuco

Tadinho,
só aparece de hora em hora.
Cucocucocucocuocucocuco.
Desejo de libertar-se,
das amarras da parede
de dentro das horas.
Monótona rotina
de seu deserto escuro.

Bonitinho cuco.
Casa grande, família grande.
Relógio senzala.
Tu tens asas...


                                                 ***

                      Abraços a todos, Fortaleza me espera. Até segunda.

7 comentários:

  1. Sempre que me fazem referências a relógios e emissão de sinais do tempo, lembro-me de Mariazinha. Ela era pontual em bater o sino da Igreja para a missa. Aquele jeito dela e a pontualidade que lembrava o corcunda de Notre Dame...Já reparou como ambos se pareciam ? O quarto dela tão simples e a vida em arrumar a sacristia. Hoje, ninguém acenda uma vela para ela, nem recorde que ela já existiu na vida de todas as crianças que iam para a missa no domingo.

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  2. Nobre Amicus Platos,

    Este poema é o que de fato retrata a condição humana, quando de sua extrema necessidade de escravizar o tempo. E neste desejo passa dele ser escravo, escavos do seu tempo, presos em amarras, grilhões encastelados.
    E sonhamos o sonho de Dédalos voar, sair de sua ilha marcada pelo tempo do desejo de voltar a seu tempo.
    Leonardo de Souza Dutra
    http://dutra-poesiaemmovimento.blogspot.com/

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  3. Talvez estejamos precisando de mais "mariazinhas" para tocar o tempo invisível aos nossos olhos e similares ao pulsar do coração.

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  4. Na casa do meu avô havia um relógio que tinha badaladas, sempre recordo dos momentos que se tocava por lá. É engraçado mas não me sentia presa a ele, existe em mim outros relogios mensais que escorrem com o tempo.

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  5. 24 chances de voos desperdiçadas por dia...Ou não.

    ;)

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  6. Li num sei onde que esses relógios foram uma invenção da Suíça por causa dos poucos pássaros que há por lá, não sei por que inventaram os relógios de pulsos, os digitais, o relógio no telefone...

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  7. Linda a sua poesia, fiquei muito feliz por vê-la.

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