Cara Madalena,
Acordei com preguiça, mas mesmo assim fui arrumar meus livros, criar coragem para te escrever. Tu, que foste professora, sabes disso, às vezes, vem uma preguiça intelectual. Estás bem? Espero que sim, pois aqui na terra sofreste. Querias mudança. Mudar a vida das pessoas do campo através do ensino, mas enfrestaste barreiras, principalmente de teu marido. É difícil não falar de Paulo Honório. Ele, o principal pivô de teu suicídio. Imagino-te, escrevendo aquela carta, pois não tinhas com quem desabafar as intransigências e machismo dele. Ele, capitalista, enriqueceu às custas da exploração e de enganações, nunca que iria querer mudar a mentalidade das pessoas. Educar é transformar, era isso que tu querias Madalena. Por que não fugiste? Sei que era difícil enfrentá-lo, mas poderias ter buscado outra alternativa.
Espero que daí de cima, tenhas visto a degradação dele. Verdade, quando morreste, entrou em crise de consciência, perdeu tudo, principalmente o seu melhor tesouro, você. Não adianta chorar no leite derramado. Fizeste muita falta. Assim como Bentinho, ficou só, com seu fluxo de consciência, remoendo o passado. Noites e noites em claro, chamando-te, mas em vão, tarde demais.
Tomara que estejas ensinando os anjos, assim como tu foste aqui na terra. Um abraço, amiga. Manda um pouco de tua ternura e paciência.
Edson Pereira
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