João Emanuel Carneiro deu uma nova cara as novelas por nos surpreender em relação as suas protagonistas. Percebemos que tanto a mocinha, quanto a vilã tem dois lados. O do bem e do mal, pois assim é todo ser humano. Saiu daquele maniqueísmo romântico, cujos personagens se fossem do bem, jamais seriam corrompidos. Psicologicamente lineares, já sabíamos do que cada um era capaz. Ao dotar Nina( Débora Falabella) de um desejo de vingança e fazer coisas que só as vilãs são capazes de fazer, Carneiro prova seu lado inovador, tornando a trama novelística mais verossímel.
Contudo, como nada surge do acaso, percebo que o autor de Avenida Brasil bebeu em duas fontes: Revenge, seriado americano e O Primo Basílio, de Eça de Queirós. Como Nina volta para vingar a morte do pai e por ter sido deixada para viver num lixão,do mesmo jeito Amanda Clarke( Emily VanCamp) " uma misteriosa moça, que sobre uma nova identidade, volta ao Hamptons e
que agora aluga a mesma casa na qual viu seu pai ser preso por um crime
que não cometeu. Agora rica e mais emancipada, a garota retorna para a
cidade e começa a executar seu plano, derrubando um inimigo por vez".
Nas cenas dessa semana, vemos Nina começar sua vingança. Assim como Juliana Carneiro, personagem de O primo Basílio, chantageia sua patroa Luísa por ter cometido adultério, passando de simples empregada a ter regalias dentro da mansão de Luísa, Nina faz o mesmo. Depois de Capitu, Juliana é uma das personagens que mais me fascinam na literatura, justamente por ser uma personagem redonda. Nina me agrada, também, pois deixa de ser uma heroína sem sal e mostra de maneira naturalista do que o ser humano é capaz. Somos humanos e às vezes capazes de tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário