Quando bebo vinho
meu corpo fica molinho.
Se quero dormir cedo:
uma taça.
Baco dá a graça
e assim se faça.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Soledade
(Pintura de Jean Jacques Henner retratando a solidão)
A solidão é um barco
no meio do nada.
A solidão é uma flor
no meio do asfalto.
Barco sem mar.
Flor sem jardim.
***
Solitário é o sol.
Solitária é a lua.
mas do alto brilham.
A solidão é um barco
no meio do nada.
A solidão é uma flor
no meio do asfalto.
Barco sem mar.
Flor sem jardim.
***
Solitário é o sol.
Solitária é a lua.
mas do alto brilham.
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Meia-noite
Sempre depois da meia-noite
a poesia vem me visitar.
Insiste para que eu escreva.
Como dói.
Esse processo de escritura entra na alma,
petrifica minha dor.
Passo a escrevinhar.
Também, quem mandou ficar em casa num sábado.
Todo sábado é sagrado.
Para Deus, descanso.
Para nós, criação, em casa ou não.
Você VI
Quantos invernos
tenho que passar,
lembrando de você?
Quem disse que inverno
precisaria rimar com inferno?
As mesmas ruas
Nunca fiz de meu endereço
teu escravo,
mas fizestes do teu.
Tua rua,
tua porta
ao me aproximar já sentias meu cheiro.
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Carnaval II e Pedro Bial
Carnaval é carne
Com o aval da loucura
Carnal
Canibal.
***
O corpo- a Avenida
Os olhos- de todo mundo
Os braços- os teus
Quando os trios se encontram na avenida- nós dois
***
A arte de perder
Tradução de Paulo Henriques Britto
“A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério. “
Com o aval da loucura
Carnal
Canibal.
***
O corpo- a Avenida
Os olhos- de todo mundo
Os braços- os teus
Quando os trios se encontram na avenida- nós dois
***
Não assisto Big brther, mas passeando nos canais parei quando Pedro Bial declamava uma poesia de Elisabeth Bishop, de quem gosto muito. Todo mundo sabe que ele é culto e quer transformar esse programa um pouco cultural, mas o BBB de cultura não tem nada.
Enfim, gostaria de compartilhar uma poesia dessa grande mulher com vocês. Quem me dera Costinha que minhas poesias fossem tão bem escritas quanto as delas. Obrigado por dizer que as minhas se parecem com as delas.
Tradução de Paulo Henriques Britto
“A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério. “
( ELISABETH BISHOP)
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Cinzas de carnaval
Depois de dizer que iria ficar em casa neste carnaval, mais uma vez não cumpri a promessa. Carnaval, pernas pra que te quero? Fiquei um pouquinho mais burro. Passei por três cidades do interior e o repertório musical foi sempre o mesmo; enfica; assim você me mata; Novinha; Carminha; não sei nem se os títulos são esses. Ah, faltou uma que começava assim: tem o chaves, D.Florinda; seu Madrugada, a Chiquinha, só está faltando quem? Kiku, Kiku, Kiku. Os nomes não apereciam necessariamente nessa ordem. Minha gente, Keke keke isso?
O que não faltava também era uísque black and white. Se pelo menos fosse Red label, apesar de detestar uísque, ainda ia. Muita gente com as garrafas pra lá e pra cá. Eu voltei pra cerveja. Carnaval só dá certo com cerveja. Vou passar o resto do ano sem tomar. Voltarei pra o vinho e o campari.
Sinto saudades das camisas que minha fazia para as matinês de carnaval no ACEU, das marchinhas que na semana de carnaval deste ano levei para meus alunos. Ainda mais quando escuto: "Voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço"... Esse carnaval pelo menos ainda existe por Pernambuco e que não se acabe jamais. Olinda e Recife, verdadeiros carnavais.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Confabulando VI
1. Os 90 anos da Semana de Arte Moderna será comemorado no Teatro Municipal de São Paulo com
uma programação pra lá de erudita. Por que não fizeram uma mistura? E o popular? Só ópera não dá. Vai um pouco contra os ideais da Semana: irreverência, escracho, mistura das artes, poeta de chinelo, Os Sapos, de Manuel Bandeira. Enfim, todos precisam de cultura. Só erudismo é deixar o povo de fora de uma comemoração tão importante para nosso país.
2. Não sabia que em Mossoró e arredores haviam tantos presídios. Além do Mário Negócio e o presídio federal de segurança máxima, leio no Jornal de fato que existe a 110 km de Mossoró, na cidade de Ipueira outro presídio. Nem essa cidade conhecia. Daqui a pouco Mossoró vai ficar conhecida como a capital dos presídios.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Calendário
Calendário
pra quê?
Minha vontade,
queimá-los.
Nos escraviza,
nos estressa,
nos torna mais velhos.
Calendários
são povos de uma região desconhecida.
Legionários alienígenas.
Os Dários opressores.
Livrai-nos dos calendários mil.
pra quê?
Minha vontade,
queimá-los.
Nos escraviza,
nos estressa,
nos torna mais velhos.
Calendários
são povos de uma região desconhecida.
Legionários alienígenas.
Os Dários opressores.
Livrai-nos dos calendários mil.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Carta à Daniela Mercury
Cara Daniela,
Do alto do Farol, não sei se da Barra, posso ver você
agitando a cidade, embora não conheça Salvador. Você não é só a cor de sua
cidade. Você é a cor do Brasil. Uma cantora de verdade e não puxadora de trios
como algumas. Mesmo em cima de um trio, há um começo, meio e fim de um show que
se traduz em cultura, história e emoção. No show de Copacabana percebemos tudo
isso.
Seu sorriso é ímpar, sua voz também. Ainda
lembro, num domingo você aparece cantando e me pergunto:"Quem essa
cantora"? Alguns dias depois, dizem:" A globo alavanca qualquer
carreira". Pode até ser verdade, mas você não precisa disso. Seu carisma e
seu talento são seus. Isso ninguém tira.
Um abraço e bom carnaval.
Edson Pereira
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Fidelidade / Harém
Fidelidade
Até Ulisses traiu Penélope com Calipso antes de voltar a Ítaca.
Romeu e Juleita? Só na morte.
***
Harém
Quanto mais se tem
para amar e querer bem.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Você V
Você
tão novo
tão responsável e competente
mecânico
Audaz,
rápido,
sendo metódico.
Meu corpo todo no lugar,
depois dos ajustes.
Pronto de novo para um test - drive.
Messiânica geografia.
Teus dedos, de novo.
tão novo
tão responsável e competente
mecânico
Audaz,
rápido,
sendo metódico.
Meu corpo todo no lugar,
depois dos ajustes.
Pronto de novo para um test - drive.
Messiânica geografia.
Teus dedos, de novo.
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