quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Sertão

Ser tão seco
Ser tão sozinho
Ser tão sertão.

Ser tão capaz de mudar.
Por isso rio.
Faço chover em mim Rios.

Um dia o sertão vira Mar.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A riqueza

João Romão, personagem de O cortiço, livro de Aluísio de Azevedo, enriquece às custas da exploração e da miséria dos outros. Dono de uma mercearia e de uma pedreira, ele rouba na balança os alimentos comprados pelos moradores do cortiço. Os casebres do cortiço também é dele. Aluga aos moradores sem nenhuma estrutura, nem banheiro há dentro das casas. Por último, temos a exploração dos trabalhadores da predeira em horário e salário. Como vemos, essa persanagem é a cara do capitalismo: poder e dinheiro, lucro a qualquer custo.
Vivemos numa sociedade que cada vez mais a luta por ser rico está acima de tudo. Pessoas se trancam numa casa para ganhar 1 milhão e meio a base de tortura, como foi o caso do quarto branco e executam provas que ultrapassam o limite do corpo e do psicológico dos participantes. Tudo para serem vistos e somente um levar o prêmio milionário. 
Ricos, também se tornam os políticos. Comparem o que a maioria tinha quando entrou na política e o que dispõem agora em imóveis e dinheiro. Como chegaram a isso todos nós sabemos. Poder , dinheiro e sexo é o que rola abaixo da linha do Equador. Quanto mais poder, mais corrupção. Quando vai acabar não sabemos.
Enquanto isso a maioria da população batalha por um emprego ou para passar no vestibular. Muitos jovens ficam de fora, pois as vagas disponíveis nas universidades são poucas. Nem as particulares dão conta da demanda. 
Se os governates olhassem menos para o seus umbigos e pensassem mais no bem-estar do povo, a desigualdade social já teria acabado. A distribuição de riqueza ajudaria a tirar muita gente da fome e da miséria. Mas são muitos Joões Romãos que capitalizam tudo para seu próprio bolso. Santa porca riqueza.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Carta a Fortaleza II

Bom dia,

Tu continuas linda. Fiquei em outro canto da cidade. És tão grande que é bom perceber todos os teus lados, pois é muito complicado andar por ti. Entretanto não poderia ter deixado de ir onde sempre ficava: a inesquecível, metade índia, metade sereia, Praia de Iracema. Iracema sempre com sua beleza extensa e mágica a qualquer hora dia. Olhar o Dragão do Mar, tomar o chopp com vinho do Bexiga e escolher uma das boates entre tantas que há por ali. Embora boates não façam mais meu estilo. Quero ir a uma de ano em ano.
Uma coisa que notei, Fortaleza, não vi os rostos que costumava ver das pessoas desconhecidas nas boates. São outros. Ou morreram todas ou estão mais velhos que eu. Tenho boa memória fotográfica. Enfim, isso acontece também aqui em Mossoró. Somos sempre tão diferentes e iguais. A única coisa que muda é o tempo. As pessoas não. Daqui a 10 anos os que estão frequentando as boates vão dizer o mesmo.
Voltei com aquela eterna saudade de tuas águas, das pessoas, de Rômulo que não se encontra mais entre nós.  
                                                                                            Espero que até breve,
                                                                                                   Etinho
P.S. Esqueci de comentar o pré- carnaval, também adorei, onde não poderia deixar de ser, na Iracema, nome poema, a eterna rainha das Américas.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Os fios de Ariadne

Os fios de Ariadne
entrelaçam nosso amor
nesse labirinto que é a vida,
pois para quem ama
nem sempre há saída.

Surpresas da vida

Fui à UFERSA semana passada, fiquei meio perdido, quase que não encontrava a sala da editora de lá. Perguntava a alunos e até a um professor, ninguém sabia informar. Mandaram-me para o prédio da reitoria, não era ali. É este o momento de que gostaria de tratar. Ao voltar, um mototaxista me oferece seus serviços, de pronto, eu agradeço e ele me mostra sua filha, dizendo que ela trabalha nessa instituição. Pela idade deveria ser estagiária ou bolsista. Entretanto, senti o orgulho daquele homem simples em falar sobre sua filha. Fiquei surpreso porque não vejo isso nos pais dos meus alunos. A maioria nem vai à escola onde eles estudam. 
O meu personagem do dia, talvez não tenha nem o fundamental completo, porém, sabe valorizar sua filha com carinho e amor, percebidos pela sua fala e seblante. É disso de que a maioria dos adolescentes precisam. Só assim o caminho das drogas, da prostituição, dos roubos e assaltos estarão longe da juventude.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Felicidade


A felicidade para alguns neste sec. XXI consiste em:
  • Participar de algum reality show.
  • Ficar trancafiado numa redoma de vidro em algum shopping movimentado.
  • Estar bombado.
  • Trocar de carro todo ano.
  • Estar no camorote vip de alguma micareta ou de algum carnaval.
  • Fazer uma tatoo.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Amor

Amor, filme de Michael Haneke, vai concorrer ao Oscar de melhor filme, melhor filme estrangeiro, melhor roteiro e melhor atriz para Emanuele Riva. O filme conta a história de Georges que enfrenta o derrame de sua esposa Anne( Emanuele Riva), colocando o amor dele à prova.
O filme começa já com a morte dela. Há um flash- black e o grande mistério do filme, para mim, é o que acntecerá com George depois da morte da mulher. Vou logo dizendo que é uma obra aberta, porém vou dar meu ponto de vista. Acontecerá com ele o mesmo que aconteceu à sua esposa. A velhice é a pior fase da vida. Essa história que após os 60 vivemos a melhor idade, é balela. 
Eles têm uma filha e dois netos. A filha é casada com um pianista e vive viajando com ele. Os netos, um de 14 está num internato; o outro de 26 anos vive sua própria vida, não mora com a mãe. A filha de Anne a visita vez em quando, mas George não quer ajuda, quer cuidar da esposa sozinho.
O filme todo é muito silencioso, mesmo com os diálogos intercalados, ora com o casal, ora com os pais e a filha. Silencioso assim como deve ser a morte. A morte deve ser tão silenciosa e sorrateira que deve causar uma grande dor, que leva ao destino final, não sabemos para onde.
A grande mensagem do filme é que a vida é ingrata. Não importa quantos filhos as pessoas tenham. Acabamos sempre sozinhos. Os europeus e asiáticos educam os filhos para serem independentes, mas os pais não merecem terminar como George e Anne. A filha sabe disso e o fim  filme nos comprova isso. Vai acontecer com ela o mesmo que aconteceu à seus pais. A vida é cíclica. Cabe a nós não pensar, se não nos suicidamos.
                                                       ***
Parece coincidência , mas morreu hoje Walmor Chagas aos 82 anos. A polícia suspeita de suicídio. Deve ter morrido sozinho no seu sítio. Lembrei de imediato do filme. Naõ sei se ele era casado, talvez não, mas o grande amor de sua vida com certeza foi o teatro, o cinema e a televisão. Se ele cometeu suicídio, também não sei. Se foi suicídio, esse ator tão talentoso não deve ter aguentado a dor da velhice. Que Deus o encontre em paz!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Ofício de poeta

O poeta abre fendas,
encontra diamantes
antes escondidos
no escaninho da alma.

O poeta fecha feridas.

Fere com o doce dos seus lábios
as dores ressequidas
e as saudades mal dormidas.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Saí

Acordei
artista de circo
artista de rua
sem ver os "deles e os delas da tv globo."

Acordei
sem me preocupar
que janeiro vai se acabar
sem olhar pra o relógio
sem nada pra fazer
só deixar acontecer.

Vou olhar a rua
Vou sair.
Saí-Azul

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Espaço

Espaço
Vácuo
Ansiedade
Ou
Liberdade?

Espaço feito de aço
ou
de marcos positivos.

Spa
Será que serve?

O espaço
da minha cama é grande.

O espaço da tua  mão em mim,
grades que me libertam.

Espaço
És passo sideral
a rodar dentro de mim.


quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

sábado, 5 de janeiro de 2013

Carta à minha antiga casa

Senti saudades. Eu descendo o pequeno morro ou subindo para te encontrar. Ainda estás do mesmo jeito: de taipa, mas não daquele barro vermelho. És amarela. Estranho ser de taipa com essa cor, por isso que és perfeita e ainda estás de pé. Lembras que uma vez desci  o morro correndo com medo de uma abelha enorme? Era uma abelha, uma vespa ou um besouro? Não lembro, sei que meti os pés na carreira, cheguei à casa do meu avô sem fala. Poderia ter outras casas mais bonitas, no entanto, do alpendre via o açude, já existia o mundo, mas não me importava, tinha tudo. Minha casa, você, era privilegiada. Qualquer dia vou te visitar.
                                                  Cheiro de bastante mato verde e água de lá,
                                                                      Etinho